O
som de madeira estalando e quebrando me acordou. Gemi e tentei me mexer, mas
meus membros estavam pesados.
— Relaxe, Lily — disse uma voz. — Estou aqui ao seu lado e
você está em segurança. Curei seus ferimentos e seu corpo está lutando contra
as toxinas, mas esse é um processo lento. Você foi atingida por muitas agulhas
e meu poder parece não ter efeito sobre sua imobilidade.
— Ahmose? — tentei dizer, mas minha língua era um objeto
alienígena dentro da boca.
Consegui fazer um leve movimento e senti o peso enorme da
capa em cima de mim como um cobertor de neve. Era quente e reconfortante até
que meus sentidos se aguçaram. Compreendi que meu corpo estava tão entorpecido
por baixo dela que era como se eu tivesse mesmo sido enterrada num monte de
neve. A lã macia pinicava meu nariz. A lembrança de ter sido erguida e levada à
boca de uma flor gigante me causou um tremor. Ela ia me comer. Aquele planeta
que abrigava uma planta com uma protuberância alongada igual a uma serra para
metal que brilhava feito um rubi era aparentemente minha Pequena Loja dos
Horrores particular. Todas aquelas lindas flores que brilhavam no escuro
queriam carne e eu poderia fornecer um bocado. Se conseguisse me mover,
chutaria os quartos de Zahra, por causa de sua informação imprecisa. Ela tinha
dito que a fauna se tornaria agitada. Agitada?
É mesmo? O mais certo seria faminta.
Abri os olhos e espiei para além da fogueira, na direção das
plantas. Agora cada coisa verde e viva parecia piscar para mim com malícia
enquanto as folhas se mexiam na brisa. Na melhor das hipóteses, elas esperavam atrapalhar
meu caminho; na pior, queriam me devorar. As árvores próximas tinham um cheiro
enganadoramente normal — de cipreste, musgo e pinho. Não davam qualquer
indicação de que eram predadoras. Se eu fosse uma leoa, meus pelos teriam se
eriçado só de pensar nisso. Por falar em pelo, a felina residente na minha
cabeça ainda estava apagada.
Tia?,
chamei.
Ela
está dormindo, respondeu Ashleigh.
Não
entendo por que isso não afeta todas nós do mesmo jeito. Quero dizer, vocês
estão compartilhando meu corpo, então deveriam ficar inconscientes também
quando meu corpo dormisse.
Acho
que não funciona assim. Eu fiquei acordada o tempo todo em que a planta tentava
fazer picadinho de nós. Ouvi Ahmose lutando contra ela. Pude sentir quando ele
carregou a gente, pelo menos até que sua pele perdeu a sensibilidade.
Então
você não foi afetada pela toxina?
Acho
que não. Foi um pouco como ficar presa na árvore das fadas. Eu não podia abrir
os olhos nem me mexer. Seu corpo não estava reagindo a mim.
Isso
é normal?, perguntei. As fadas
se curam depressa ou algo assim?
Ashleigh pensou por um momento.
Não
sei bem se isso se aplica quando o corpo que estou habitando não é meu. Além
disso, nunca fui machucada por uma planta antes. Os escorpiões de fogo mataram
minha forma de fada, de modo que obviamente os animais podem me fazer mal. Uma
vez fui espetada por uma farpa. Doeu um bocado, mas assim que a arranquei o
ferimento se fechou sozinho. Talvez a árvore tenha me dado o dom de me curar.
Nós
poderíamos fazer isso antes? Quero dizer, antes de você?
Não
sei. Eu não estava com vocês antes e nunca falamos sobre isso. Vamos ter de
perguntar a Tia quando ela acordar.
Você
não acha que ela está em... perigo, acha?
Não
creio. Não mais do que você esteve. Durante o seu sono, continuei sentindo você
ali, não houve nenhum trauma na sua consciência. Você só não... reagia. Com Tia
é a mesma coisa.
Bom.
Tentei me mexer de novo e dessa vez minha língua cooperou.
— Ahmose? — chamei, rouca.
Um som de passos arrastados veio de um ponto fora do meu
campo de visão. E logo ele estava ali, ajoelhado à minha frente com um odre
d’água. Gentilmente me ajudou a sentar e me fez beber. Só ficou satisfeito
quando sorvi todo o líquido roxo.
Quando acabou, ele puxou uma tora para eu apoiar as costas.
A sensação tinha voltado a algumas partes do meu corpo, enquanto outras
formigavam dolorosamente, como se estivessem dormentes. Um dos braços recuperou
força suficiente e pude posicionar as pernas de modo a não ficarem numa posição
incômoda embaixo do corpo. Ahmose sentou-se encostado na mesma tora.
— Os unicórnios estão de vigia — disse ele. — Para podermos
dormir.
— Quanto tempo fiquei apagada?
— Algumas horas.
— Você pode dormir, se precisar — falei, vendo seus ombros
curvados de fadiga.
Ele balançou a cabeça.
— Não antes de você.
— Acho que não vou conseguir dormir por um tempo. Pelo menos
até saber o que aconteceu. Fomos perseguidas por um animal grande. Tia não
sabia o que era, mas ficou com medo, e, se Tia ficou com medo, não quero muito
saber o que era.
— Agora não há nada por aqui. Os unicórnios avisariam se
houvesse um predador grande circulando. Não creio que ele estivesse disposto a
passar pelas plantas bulbosas, e elas parecem ocupar um bom espaço à nossa
volta. Quando continuarmos amanhã, teremos de passar por mais algumas delas, mas
devemos levar pouco tempo.
— Bom, pelo menos essa notícia é boa.
— Nebu disse que a planta que pegou você é chamada de
bulbo-pescador. Ela atrai as presas com suas luzes bonitas, depois ataca.
Parece que existem três variedades aqui: a pescadora, a armadilha e a ativadora.
Uma atrai você, outra espera que você pise na armadilha e a terceira produz uma
seiva pegajosa nas folhas quando você pisa nas ramas e então agarra você.
Parece que nem os unicórnios conseguem escapar do terceiro tipo. Por sorte,
você foi apanhada pela mais fácil de escapar.
— A mais fácil? Fala sério! Eu não escapei. Você me salvou.
— É. Mas agora sabemos por que precisamos ir devagar nesta
área.
— E olhar onde pisamos. Parece que seria mais seguro voar.
— Os unicórnios dizem que as armadilhas não crescem perto
das pescadoras. É competição demais. Também disseram que os predadores que caçam
no céu são muito mais perigosos do que a folhagem e os animais do chão.
Cruzei os braços.
— Você está me zoando, não é?
— Não sei o que isso significa.
— Quer dizer que você está brincando comigo. Não pode estar
falando sério.
— Sempre falo sério.
Observei sua expressão com o canto do olho e vi que ele
estava mesmo dizendo a verdade. A ideia de andar por esse lugar inóspito
durante mais seis dias, na melhor das hipóteses, era uma perspectiva de dar
medo. Para me distrair e não ficar pensando nisso, decidi mudar de assunto:
— Então você é sempre sério, é? — Lembrei-me de quando ele
tinha rido do comentário de Ashleigh enquanto ela o desenrolava, e a alegria
por trás daquele riso tinha sido... bom... incrível. Até mesmo contagiosa.
Fiquei curiosa em relação a ele e imaginei que segredos estaria escondendo. —
Por quê?
— O que quer saber com por quê?
— Por que você está sempre sério? Sinto que não gosta disso.
Ele deu de ombros, desconfortável.
— Minha vida é... complicada... e a felicidade é fugaz.
— Por que você acha isso?
— Talvez você não lembre, mas um dia eu amei uma garota. Ela
era o oposto exato de tudo o que fazia parte da minha vida. Era primavera e esperança,
vida e risos. Quando eu estava com ela, esquecia de mim mesmo. Estava
enfeitiçado pelo sorriso ligeiro e o brilho nos olhos dela. Sua felicidade e
alegria de viver preenchiam os espaços vazios da minha alma.
Depois de uma pausa, ele prosseguiu:
— Foi durante um dos nossos períodos despertos. As duas
semanas passaram depressa e eu nunca tinha estado tão contente. Então, dois
dias antes da cerimônia, encontrei Asten num abraço apaixonado com minha amada.
— Ah, puxa, isso... isso não está certo.
— É, não estava. Jurei que iria matá-lo por tê-la seduzido.
Nunca, em toda a minha existência, eu tinha batido com raiva em uma pessoa.
Nunca perco o controle. Não é da minha natureza. Não que eu não me disponha a
lutar. É só que sei... sei que não vou perder.
— Como você sabe que não vai perder?
— É porque conheço o caminho que cada oponente vai tomar.
Mas, depois de alguns instantes batendo em Asten, quando o rosto dele parecia
um tomate estragado, voltei a mim o suficiente para enfim escutar o riso. A garota
que eu amava estava zombando de nós dois. Ela achava delicioso ter sido capaz
de manipular dois deuses. Demorei mais de duzentos anos para perdoar Asten.
Ele fez outra breve pausa antes de continuar:
— Asten arruinou tudo, mas o raciocínio dele estava certo.
Eu teria sacrificado tudo por ela. Estava cego demais, apaixonado demais por
Tiombe para enxergar quem ela era de verdade. Com o tempo, meus sacrifícios e o
afeto por ela seriam objetos de zombaria e eu seria rejeitado.
— Sinto muito, Ahmose. Ela foi idiota em desprezar um homem
como você. Mas não pare de procurar a felicidade. Você a merece.
— Ver seu rosto familiar me deixa muito feliz. Você é
minha... Bom, talvez você não lembre, mas você é minha amiga.
— Eu gostaria de ter um amigo. Não tenho muitos amigos homens.
Pensando bem, nenhum, mas poderia ser pior. — Bati o ombro contra o dele e fui
recompensada com um de seus sorrisos estelares. — Amigos, então? — perguntei.
Ele segurou minha mão e entrelaçou os dedos nos meus. Era um
gesto um pouco mais íntimo do que eu teria com um homem que considerasse amigo.
Achei que provavelmente houvesse uma diferença cultural ou imortal e que talvez
aquilo não significasse a mesma coisa que representava no lugar de onde eu
vinha.
— Já que você é um desbravador, já olhou meu caminho
imediato? Quero dizer, não o de Wasret, mas o meu? Vou ser comida por uma
planta ou alguma coisa assim? Eu gostaria que você me desse um aviso da próxima
vez.
Ahmose se imobilizou, os dedos se enrijecendo nos meus.
— Os caminhos mudam. Eu vejo futuros possíveis. Rotas que
você pode pegar. Escolhas que pode fazer. Alguns são mais fortes do que outros,
e esses são os mais prováveis de ser tomados. Eu não sabia que você ia fugir
porque não estava estudando seu caminho no momento. Na maior parte das vezes costumo
focalizar o quadro geral. Mas, respondendo à sua pergunta, sim, olhei o caminho
que está à sua frente.
— E...? — perguntei, fascinada. — Nós vamos ter sucesso?
Vamos despertar seus irmãos e derrotar Seth?
— O caminho que leva aos meus irmãos é o mais brilhante no
momento. Posso dizer com uma boa dose de certeza que vamos despertá-los. Depois
disso o caminho se divide em várias direções.
— Como assim?
— Quer dizer que você tem escolhas a fazer. Sacrifícios. Não
está claro o que você fará.
— Sacrifícios? — Engoli em seco. — Está falando de Wasret e
de eu desaparecer? Você disse que no fim do meu caminho só viu Wasret. Se é
disso que está falando, devo dizer que realmente não quero saber.
Eu esperava que ele me dissesse que as escolhas à frente não
teriam nada a ver com Wasret. Que ele poderia estar errado. Que Tia, Ashleigh e
eu sairíamos bem do outro lado. Claro, eu não sabia até que ponto ficaria bem no
mundo real, tendo uma leoa interior de estimação e uma petulante fada pessoal,
mas preferia ter as duas na cabeça pelo resto da vida a desaparecer para sempre
para que Wasret nascesse.
Ahmose se virou para mim, ainda segurando minha mão. Os
olhos cinza, preocupados, me examinaram. A luz da lua tocou seu rosto, fazendo
com que quase reluzisse.
— Vejo muitas coisas no seu futuro, Lilliana Young; muitas
são perigosas, muitas são de partir o coração. — Ele tocou meu rosto brevemente
com a ponta do dedo. — Mais do que qualquer coisa, eu gostaria de afastar a dor
e escondê-la do perigo. Ainda que o meu caminho de vida esteja entrelaçado ao seu,
sei que não posso influenciar o caminho por onde você anda. Seria errado eu me
transformar num estorvo para o que você vai se tornar.
Lágrimas vieram aos meus olhos.
— Não quero desaparecer, Ahmose. Não quero virar Wasret.
Ele me puxou e me abraçou com força. Depois segurou meus
ombros e se afastou.
— Não pense em Wasret agora. Você deve se concentrar na
tarefa que tem pela frente. Suba a colina hoje e a montanha amanhã. Enquanto
avança, haverá perdas, mas também ganhará muitas coisas. Esse é o fardo da mortalidade.
Lembre-se sempre de que o poder de escolha continua sendo seu.
Funguei e enxuguei os olhos.
— Obrigada. Obrigada por ser meu amigo. Eu não sabia como
precisava de um.
— Eu também preciso de alguém como você. — Baixinho, ele
acrescentou: — Você não faz ideia de quanto.
Se eu não tivesse a superaudição de esfinge, talvez não
captasse essas últimas palavras. Mas decidi não comentá-las, pelo menos até ter
tempo suficiente para pensar no que significavam.
Depois de me reacomodar encostada no tronco, comecei a pôr
para fora todos os temores e preocupações do meu coração. Contei como toda essa
experiência era estranha e o coloquei a par de tudo o que havia acontecido desde
a fazenda da minha avó e o encontro com Hassan.
Ele perguntou sobre meus sentimentos com relação a despertar
Amon e eu disse que ainda não estava pronta para falar sobre Amon. Sensível à
tensão quanto ao meu suposto namorado, ele mudou de assunto e contou histórias sobre
Asten, Amon e ele, de quando eram mais novos, mantendo a conversa leve. Por fim
disse:
— Agora você precisa descansar, Lily. Temos um longo dia de
viagem amanhã. Por favor, durma.
— Você vai descansar também?
— Vou. Logo. Acomode-se da forma mais confortável.
Enquanto me deitava, olhei-o se recostando no tronco, a
cabeça inclinada para cima, como se estudasse as estrelas, e percebi que, pela
primeira vez desde que tinha acordado com vozes na cabeça, estava me sentindo
em segurança. Era como se finalmente houvesse uma pessoa que entendia como era
saber demais, ser responsável por coisas demais. Ahmose podia se identificar
comigo de um modo que não era possível com vovó e Hassan.
Ahmose era alguém em quem eu podia confiar. Eu sabia
instintivamente que ele não iria me obrigar a fazer ou me tornar uma coisa que
eu não quisesse.
— Boa noite, Ahmose.
Ele me olhou e abriu um sorriso suave.
— Boa noite, Lily. Durma bem.
Meu coração falhou uma batida enquanto nos olhávamos. Então
ele inclinou de novo a cabeça para trás, para olhar as luas. Imaginando que caminhos
ele veria no céu, também fitei as constelações. Meus olhos se fecharam e caí
num estado de consciência parcial, meio acordada e meio dormindo.
Logo escutei o murmúrio de vozes embolando-se umas nas
outras, como o som do rio rolando sobre pedras, tranquilizante e contínuo. Era
quase como se eu olhasse a cena acontecendo em um sonho.
— Você precisa deixar o corpo de Lily descansar, Ashleigh —
disse Ahmose.
—
Como sabe que sou eu?
— Um homem que presta atenção a uma mulher sabe.
—
É bom saber que você estava prestando atenção.
— Volte a dormir, Ash — disse Ahmose com um risinho.
— É rápido, querido
— respondeu Ashleigh. — Eu queria fazer
uma pergunta.
— O que é?
—
Você disse que nos curou. Pôde ver o que há de errado na mente de Lily? Você disse
que poderia ter uma chance melhor quando não estivéssemos mais no reino mortal.
— Eu tentei. É estranho, mas há um espaço lá. Está escondido
e não posso acessá-lo. Acho que tem a ver com o poder dela. Maat diz que ela é
um ovo de serpente. De alguma forma, isso é separado de você e Tia. Mas é essa capacidade
que mantém vocês escondidas de Seth, por isso não ouso mexer aí. Não sei se eu
poderia curá-la mesmo se tentasse.
—
Talvez Amon possa, assim que o despertarmos.
— Talvez.
—
Você quer dizer o que está escondendo, então?
— Escondendo?
—
Eu consigo ler você, bonitão. Sei quando um homem foge da verdade. O fato de
você ter mentido para Lily me deixou com o pé atrás. Por que você faria uma
coisa dessas?
Então ele sorriu e, com um provocante brilho de luar nos
olhos, disse:
— E o que as fadas sabem sobre os homens?
—
Sei o suficiente. Um dia já fui uma garota mortal e, apesar de ter sido vencida,
dobrada e transformada numa coisa nova, ainda me lembro de como é um rapaz
escondendo segredos.
Ahmose inclinou a cabeça.
— Você me faz lembrar a lua — disse ele. — Na maior parte do
tempo está escondida na sombra dos outros, mas, quando brilha em pleno
esplendor, não há como escapar da sua luz. Sabia que eu posso ver você, mesmo
quando está com o rosto de Lily? É só uma vaga silhueta das suas feições, mas
não há como confundi-la.
—
Por mais que essas palavras sejam bonitas, lembro gentilmente que você está
fugindo da pergunta, rapaz.
Ahmose suspirou.
— Lily não precisa saber das coisas que eu vi. Isso só vai
deixá-la confusa.
—
Ah, você é tão cheio de segredos... Eu posso ajudar, se você deixar. Minha magia
é da Terra, mas também é poderosa.
— Sei que é. Você sabia que eu posso seguir os caminhos nos
dois sentidos?
—
Como assim?
— Quero dizer que posso traçar o passado, além do futuro. —
Ahmose olhou para o chão. — Se isso vale alguma coisa, lamento o que aconteceu
com você.
—
Descobri que é melhor não olhar para trás com arrependimento. Só com lições
aprendidas. O infortúnio pode acompanhar a gente por toda a vida. A gente acaba
tendo apenas duas escolhas. Lamentar o destino, diminuir o passo até ele
alcançar a gente e depois estender os braços para abraçar a tristeza ou continuar
correndo para que ele nunca possa alcançar a gente. Escolhi a última opção.
— Então você é uma pessoa mais sábia do que eu. Deixei o
infortúnio me alcançar.
—
Então escape das garras dele. Minha mãe sempre dizia: “O amor é doce, doce como
o mel, mas o melhor mel é encontrado nos lugares quietos e esquecidos. não vá
procurá-lo numa colmeia agitada, senão corre o risco de ser picado.” Parece que
foi o que aconteceu com você, Ahmose.
Ele sorriu, todo doce, com o luar de outro mundo se
dissolvendo em seu cabelo escuro, fazendo-o brilhar como seus olhos.
— Foi mesmo.
—
Boa noite, Ahmose.
— Boa noite, Ash.
Na
manhã seguinte Tia estava de volta e nós a colocamos a par de tudo o que ela
havia perdido, mas parecia que ela se lembrava de algumas partes como se fosse
um sonho. Especulamos o motivo para ela ter sido mais afetada pelos efeitos da
droga da flor, e a melhor hipótese a que nós e os unicórnios pudemos chegar foi
que Tia era mais próxima da presa natural das flores do que Ashleigh ou eu.
Era perturbador pensar que as toxinas podiam afetar a
consciência de Tia e Ashleigh. Tenho certeza de que Hassan arranjaria uma
teoria mais sólida do que nós. Tia não queria ficar pensando nisso. Estava mais
interessada no animal que tinha nos perseguido do que na planta. Achava a morte
causada por um vegetal a coisa mais ignóbil que uma leoa poderia sofrer.
Nos dias que se seguiram entramos numa rotina. Tia me
ensinou a espreitar e caçar presas. Cada vez que pegávamos uma flecha, a haste terminava
numa pena de ponta azul. Mas, quando verificávamos, a aljava ainda estava cheia
com as penas que Ísis tinha nos dado.
Ahmose tinha todo tipo de ideias sobre esse fenômeno, e a
principal era que estávamos inconscientemente guardando as flechas mais
poderosas para a batalha futura. Eu não gostava de pensar nisso. Minha teoria
era de que a aljava estava encantada para simplesmente produzir as flechas de
que precisássemos. Tia não acreditava em nada disso e preferia evitar as
flechas, encorajando-nos a caçar com as garras ou as facas.
Às vezes, enquanto jantávamos peixes estranhos e
alienígenas, alface selvagem, flores comestíveis e a água doce que Ahmose
invocava do céu, eu sentia o olhar dele se demorando no meu rosto por mais
tempo do que o necessário; e ele cavalgava ao meu lado com frequência,
conversando comigo.
Ahmose se interessava por uma grande variedade de coisas.
Falamos longamente sobre o mundo moderno e ele fez muitas perguntas. Queria
saber tudo, desde como a água era trazida para a cidade e aquecida nos
chuveiros, algo que ele adorava com relação à minha época, até o que eu
estudava na escola e como os carros funcionavam.
Mas também perguntava a Tia, muito educadamente, sobre sua
vida como leoa, sobre sua irmã perdida — algo que eu não sabia, ou pelo menos não
lembrava — e travava longas discussões com Ashleigh sobre sua vida na Irlanda.
Eu deixava cada uma falar por si quando ele fazia perguntas e ficava contente
em dar a elas um tempo no controle.
Ashleigh contou uma história interessante sobre quando era
uma menininha de 10 anos. Ela costumava colher maçãs para uma velha tão encurvada
que não conseguia mais levantar as mãos para a árvore. Um dia seu cabelo ruivo
encaracolado se prendeu num galho da árvore e ela chorou e berrou até que a
velha apareceu.
“O que você espera que eu faça, menina?”, perguntou a
mulher. “Não posso levantar a mão e ajudar você a se soltar.”
“Pegue um machado”, gritou Ashleigh. “Corte a árvore. Uma
menina é muito mais importante do que uma macieira.”
“Ah”, disse a velha, “mas as macieiras demoram anos de
cuidados até dar frutos. Cuidei dessa árvore desde que eu era pequena. Ela é
muito importante para mim. As maçãs me alimentam o ano todo. Os pássaros pousam
nos galhos e cantam para mim quando estou solitária. Acho que, sem a árvore, eu
morreria.”
“Mas e eu?”, gemeu Ashleigh. “Não posso ficar aqui em cima
para sempre!”
— Foi então que aprendi
a lição mais importante da minha vida — disse Ashleigh a Ahmose, que ouvia
com interesse. — A velha não falou mais
nada. Não discutiu nem ofereceu razões. Não hesitou. Só pegou o machado e se preparou
para cortar a árvore. Mas, antes que ela agisse, gritei: “Espere! Não faça
isso.” E pedi que ela pegasse sua faca de cozinha. Apesar de chorar um bocado,
cortei todo o meu lindo cabelo ruivo até finalmente me soltar. Eu tinha pensado
em fazer isso logo no início, quando fiquei presa, mas não queria abrir mão
dele. Era uma garotinha vaidosa e preferiria que outra pessoa fizesse o sacrifício,
e não eu, ainda que o meu fosse menos doloroso. Naquele dia aprendi que
precisava deixar de ser uma criança egoísta. Até hoje não consigo ver uma macieira
sem pensar na mulher.
— Era bondade sua ajudá-la.
—
Ah, eu não queria. Todo mundo achava que ela era uma bruxa e meu pai tinha medo
dela. Quando a mulher pediu que eu ajudasse, ele ficou com medo demais para
recusar.
— É comum pensar que as pessoas diferentes possuem magia.
—
É assim, não é? Ela era uma bruxa. Foi ela que me apresentou à árvore das
fadas. Ela era a guardiã da árvore e sabia que não iria se demorar muito no
mundo. No dia em que ela morreu, eu me tornei a cuidadora da árvore.
Os unicórnios continuaram em frente e Ahmose e Ashleigh
ficaram em silêncio por um tempo. Depois ele disse:
— Você sente falta do seu cabelo ruivo.
—
É, sinto. Era lindo. Encaracolado feito uma rama de abóbora e vermelho
feito papoulas silvestres. Sinto falta
dele. — Rapidamente Ashleigh mexeu no meu cabelo, prendendo-o no arranjo
que tinha feito de manhã. — Não que o de
Lily não seja bonito. Só sinto falta dos cachos.
Ahmose estendeu a mão e deu um tapinha na minha perna, com
um olhar de simpatia para Ashleigh, mas sem dizer nada. Depois disso ela
recuou, querendo que eu assumisse o controle.
Logo comecei a notar outras pequenas gentilezas de Ahmose.
Coisas como me ajudar a apear depois de um longo dia cavalgando ou deixar uma flor
vermelha em cima da minha capa quando eu ia sozinha para as árvores. Ele sempre
sabia quando era eu, Ashleigh ou Tia — dava os parabéns a Tia por uma pescaria
hábil no rio ou dizia olá a Ashleigh e perguntava o que ela achava sobre uma
coisa ou outra que nós dois tínhamos conversado.
No
sexto dia minha mente estava inundada de pequenas histórias e sonhos parcialmente
lembrados das conversas noturnas de Ahmose e Ashleigh. Um dos sonhos era sobre
uma fada de olhos verdes e corpo pequeno e esguio. Ela ficou louca pela Lua e
dançava e festejava sob o luar, cantando baixinho para ela. A fada apaixonada
chorava toda noite quando a Lua se punha, achando que ela havia morrido, mas se
rejubilava quando o astro nascia na noite seguinte. Ela acreditava que, quando
uma fada morria, a Lua mandava um raio de luar que a levava para morar com ela.
Mas uma fada não pode escolher quando morrer, por isso ela esperava, olhando e
ansiando pelo astro, noite eterna após noite eterna.
Houve outra história ou sonho sobre um homem preso na Lua.
Ele olhou para o reino dos mortais e viu uma jovem linda. Apaixonou-se à
primeira vista por ela. Mas infelizmente sabia que os dois nunca poderiam ficar
juntos, por isso ele a guardava lá de cima e aprendia a amá-la de novas
maneiras a cada dia. Essa jovem, porém, podia escolher quando morreria.
Então a garota bonita descobriu que seria dada em casamento
a um homem que ela não amava e se jogou de uma torre para não se casar com ele.
O homem preso na Lua, desesperado para salvá-la, estendeu seus braços brilhantes
e a agarrou, mas sua luz era poderosa demais e ele foi enfraquecido pelo
esforço. A garota ficou cega e aluada, diziam.
Ele implorou a ajuda dos deuses, que a colocaram em sono
profundo. Ela não envelheceria e sua beleza não desapareceria, para que ele
pudesse olhar seu rosto para sempre. A mulher que ele adorava jamais morreria.
Ele poderia segurá-la com seus braços de luar, mas ainda assim seus corações
não poderiam se unir. Seu amor não lhe dava conforto, porque ele era um homem atormentado
pelo banquete colocado à sua frente, o qual, no entanto, ele não podia provar.
A luz ao seu redor diminuiu e a Lua ganhou um halo de escuridão.
O tempo passou enquanto o homem da Lua se lamentava. Por
fim, ele disse aos deuses que estava pronto para deixá-la partir. Para deixá-la
encontrar a paz. Os deuses sorriram e tocaram os dedos nos olhos da jovem. Ela
acordou e olhou para a Lua, encontrando ali o rosto do homem que a amava.
“Agora ela é realmente sua”, disseram os deuses, “porque
você provou que o bem-estar dela importa mais do que o seu.”
A noiva correu para os braços dele e riu quando ele a
rodopiou. Os dois foram libertados dos confins da Lua e o tecido do espaço foi
dobrado de modo que eles pudessem começar vida nova em outro mundo. Quando seus
pés tocaram um mar de grama azul ondulante, eles olharam para a Lua envolta num
halo e souberam que ela era um lembrete para sempre pensarem primeiro no outro,
depois em si mesmos.
Se esquecessem e ficassem egoístas, iriam ser separados de
novo. A Lua iria alertá-los quando estivessem correndo perigo. É por isso que
uma Lua com halo é sinal de tempestade próxima. No mínimo, é sinal de tempo inclemente.
Na pior hipótese, é um presságio de perda iminente e tristeza capaz de partir o
coração.
Fiquei pensando nessas histórias enquanto acompanhava Ahmose
pela margem do rio. Alguma coisa estava mudando entre nós. Ao vê-lo subir uma colina
procurando um caminho, eu me pegava capturada pela visão de suas costas
musculosas e olhava os antebraços rígidos quando ele os estendia acima do
terreno. Apesar de não gostar de batalhas, Ahmose tinha o corpo de um
guerreiro. E, depois de passar dias ao seu lado, percebi não só que ele era lindo
tanto por dentro quanto por fora, mas que eu não conseguia me imaginar ali sem
ele.
Achei incrível a rapidez com que passei a contar com sua
presença constante. Com seu companheirismo. Talvez meu medo do que havia
adiante é que tenha me instigado a agir, mas o que eu sentia não parecia
errado. Tudo dentro de mim, até as batidas do meu coração, dizia que estava
certo. Talvez fosse prematuro. Talvez eu devesse ter esperado para falar com
Tia e Ashleigh sobre isso primeiro, mas não senti nenhuma dúvida da parte
delas. Na verdade, o silêncio delas era positivo. Pelo menos, foi essa a
sensação que tive.
Ahmose dissera que eu tinha escolhas a fazer. Desde que eu
havia acordado na fazenda da minha avó, não era o que me parecia. O peso do mundo
estava nos meus ombros e tinham me contado histórias do que eu havia feito e de
quem eu amava, mas eu não conseguia me lembrar de nada disso. Só sabia do agora.
Meus sentimentos eram reais. Certos ou errados, eles estavam ali. Por isso fiz
uma escolha.
Ahmose voltou para o meu lado e me peguei respirando
acelerado. Meu coração batia forte quando ele se aproximou. Quando ele pôs as
mãos em volta da minha cintura para me ajudar a apear, envolvi o pescoço dele
com os braços. Não me afastei depois de apoiar os pés no chão. Seu cabelo
escuro parecia salpicado de ouro ao sol poente. Ousada, afastei uma mecha do
rosto dele, me deliciando ao roçar os dedos na aspereza da barba crescendo.
Suavemente, ele tirou minhas mãos de seu pescoço e beijou
meu pulso.
— Tem certeza de que esse é o caminho que você quer trilhar?
— perguntou baixinho.
Seus olhos estavam semicerrados, como se ele não quisesse
saber a resposta, mas mesmo assim dava para perceber um brilho penetrante no olhar
prateado, e esse brilho me chamava mais para perto. Meu coração estava
disparado, eu me sentia uma estrela nova, reluzente e límpida como um diamante
recém-descoberto, brilhando mais do que o sol poente. Eu poderia iluminar o
mundo sozinha.
— Esse caminho me deixa feliz — respondi com simplicidade.
Lenta e deliberadamente, ele ergueu a mão e segurou meu
rosto. Sua expressão mudou de uma sobriedade cautelosa para uma espécie de
deleite jubiloso, juvenil.
— Ele me deixa feliz também.
E me beijou. Um beijo doce, capaz de afogar. Do tipo que
deixa a gente de joelhos. Na verdade, nos deixou mesmo de joelhos, mas ainda
assim ele se recusou a me soltar. Suas mãos seguraram meus quadris e
permaneceram ali enquanto ele me puxava contra seu corpo quente. As superfícies
planas e rígidas de seu peito me fizeram lembrar de um escudo — um escudo que protegia
seu coração. Os inimigos deviam temer a força e o poder encontrados ali. E no
entanto, para mim, ele se dobrou.
Ahmose emaranhou as mãos nos meus cabelos e o penteado
cuidadoso de Ashleigh se desfez. Grampos em forma de escaravelhos dourados
caíram de qualquer jeito no chão. Mas não importava, não quando ele tomou as
tranças soltas nas mãos e as enrolou nos dedos quentes. Eu o envolvi com os
braços, puxando-o ainda mais para perto. Parecia que não conseguíamos nos
saciar com os toques e beijos. Quando nos afastamos, estávamos ambos ofegantes,
mas havia no rosto dele um sorriso satisfeito de um quilômetro de largura.
Quando ele traçou a linha do meu malar com os dedos, minha
respiração falhou enquanto eu antecipava o toque aveludado de seus lábios nos
meus outra vez. Ahmose era um homem lindo. O sonho de qualquer garota era ter alguém
assim olhando-a como ele me olhava agora, como se eu fosse o mundo para ele.
Apesar de eu não querer fazer nada para arruinar o momento, a curiosidade me
venceu:
— Você viu esse caminho? Eu me refiro a nós...
O sorriso de Ahmose se suavizou, ele ficou sério e falou
numa voz grave e pesada:
— Eu sabia que era uma possibilidade desde o momento em que
nos conhecemos. — Então seus olhos se fecharam e a felicidade em seu rosto diminuiu
ligeiramente. — Você precisa saber que eu não provoquei isso — disse, como se
eu pudesse querer culpá-lo por meus sentimentos. — Havia centenas de escolhas
que você poderia fazer e que a levariam numa direção diferente.
— Mas esse era o caminho com a maior possibilidade.
— Era — admitiu Ahmose. — E não lamento. — Capturando minhas
mãos, ele beijou uma palma de cada vez, devagar. — Espero que você também não.
— Não lamento — murmurei baixinho, e fui recompensada pelo
brilho renovado de seus olhos cinza-prateados.
Os pelos da barba por fazer se moveram contra a pele
sensível da parte interna do meu pulso, provocando arrepios ao longo da minha
espinha.
Quando ele levantou a cabeça, eu cambaleei, mas ele me
firmou.
— De todas as maravilhas que já experimentei, de todos os
caminhos que já vi, você é a única magia verdadeira que presenciei. Que já tive
nos braços.
Então o Senhor das Feras e das Tempestades, o homem
conhecido como Desbravador, Curador e, principalmente, Ahmose, levantou-se e me
puxou para que eu também ficasse de pé. Em seguida me envolveu com seu corpo grande,
aninhando-me em seu peito. Ali eu me senti em segurança, protegida, aquecida e,
acima de tudo, amada. Mas mesmo naquele porto seguro, senti uma gota de chuva
cair em minha testa. Outra gota tilintou no cabo da faca que se projetava do
arnês que eu tinha largado despreocupadamente no chão.
Ahmose olhou para o céu. O sol havia se posto e a lua azul
tinha nascido. Havia um halo escuro, premonitório, em torno dela. Franzindo a
testa, ele disse:
— Venha, amor. Uma tempestade se aproxima. Precisamos
encontrar abrigo.
Nossa "ela" vai pega tudo😏, deixa um irmão pra mim😭😭 kkkkk
ResponderExcluir~MIRELLE
Ai gente eu ainda prefiro o Amon.
ResponderExcluirEu também :3
ExcluirA Lilly não lembra, mas ela ama o Amon.
ResponderExcluir-Maria Eduarda
Masss gente antes achei que os sentimentos era da fada agora fiquei confusa.
ResponderExcluirFoi a mesma coisa dela com a Tia. Ela pensava mais no Asten.
ExcluirPelo que eu entendi Sakuragome, as 3 queriam isso, e dessa vez a vontade era da Lily realmente, pois ela mesma disse que queria compartilhar com a Tia e a Ash a decisão dela, porém sentia que as duas já concordavam com ela
ExcluirTadinho do Amon. Mas acho que pode ser os sentimentos da fada influenciando já que ela não se lembra do Amon. Quando foi com o Asten, ela lutava pq amava o Amon. E nessa brincadeira ela já pegou os três! Kkkkkk
ResponderExcluirFlavia
Faz isso não garotaaaaaa como fica o amom???? Se bem que eu acho que ela tá sentindo os sentimentos da Ashleigh!
ResponderExcluirCaramba...isso vai dar TRETA
ResponderExcluirGente... Se já está assim com um irmão, imagina quando os outros aparecerem ?
ResponderExcluir#VaiDarRuim
#CenasDosProximosCapitulos
Estou muito chateada mano.... Quero o Amon!!! ;-; Não passei dois livros shippando eles para ela ficar com outro na reta final! Aaaaaaaaaaaaa ;-;
ResponderExcluirEu acho que esses são os sentimentos da fada , pelo menos é nisso que eu quero acreditar 😥😥
ResponderExcluirmano, ta tudo ferrado
ResponderExcluirlily ama amon, tia ama asten e a fada ama o ahmose.
e agora????
torço pra no final as tres se separarem e cada uma ter seu corpo e seu amor........
EITA! Ja pegou os três irmãos... e o Hórus! Lily danadinha! kkkkkk não está errada.
ResponderExcluirAhmose fura olho. Sempre o mais quietinho é o que surpreende.
ResponderExcluirdesconfio de q no final ela não vai ficar com ninguém... >-<
ResponderExcluirAfff tá me dando nos nervos!!! Cada livro um irmão????
ResponderExcluirNossa ela ainda carrega o escaravelho do coração do Amom!!
Esse livro ta pior que o segundo. O Primeiro foi MARAVILHOSO. Não gostei do rumo qur a Colleen escolher pro segundo livro. Estragou a história. Lily é burra. Que menina sem vontade de viver. Simplesmente deixar a Leoa e a Fada fazerem o que quiserem com o corpo dela.
ResponderExcluirE essa ideia idiota de todo livro um irmão... Fala sério. Essa história tinha tudo pra dar certo... Mas ai... Não deu.
Gente, sou só eu ou isso tudo tá mt confuso?
ResponderExcluirLily,Amon,Tia,Asten,Ashleigh e Ahmose... já nem sei mais quem shippar.😣