Call vagou pelos
corredores do Magisterium, dirigindo-se para os lagos frios e os rios que
corriam pelas cavernas. Por fim, parou ao lado de um deles, tirou as botas e
mergulhou os pés na água lamacenta.
Mais uma vez ficou
pensando se ele era ou não uma boa pessoa. Sempre se considerou um garoto
tranquilo, igual à maioria das pessoas. Não era terrível, mas também não era
ótimo. Normal.
Mas Constantine
Madden era um assassino. Um louco perverso que criou monstros e tentou enganar
a morte. E Call era Constantine. Então isso não o tomava responsável por tudo
que Constantine já tinha feito, mesmo que não se lembrasse?
E agora Call
preocupava Aaron, que se preparava para uma ameaça que sequer existia, apenas
porque era egoísta.
Call chutou a água,
espalhando gotas pra todo lado e assustando os peixes pálidos e sem olhos que
tinham se reunido em volta de seus pés.
Exatamente naquele
momento um lagarto caiu do teto na pedra ao lado de Call.
— Argh! — gritou
Call, levantando-se de um pulo. — O que você está fazendo aqui?
— Eu moro aqui —
respondeu Warren, com a língua para fora, pronto para lamber o próprio olho. —
Estou olhando você.
Porque aquilo não
era nem um pouco bizarro.
Call suspirou. A
última vez em que tinha visto o lagarto, Warren conduziu Call, Tamara e Aaron
para a sala de um dos Devorados, um mago que tinha usado tanta magia do fogo
que se tornara um elemental. O alerta do Devorado soou novamente nos ouvidos de
Call: Um de vocês vai fracassar. Um de
vocês vai morrer. E um de vocês já está morto.
Agora ele sabia
qual dos três era ele. Callum Hunt já estava morto.
— Vá embora —
avisou ao lagarto. — Vá embora, ou eu o afogo no rio.
Warren o encarou
com olhos arregalados antes de subir pela parede.
— Não sou a única
coisa que está observando você — disse ele, antes de desaparecer pela
escuridão.
Com um suspiro,
Call pegou as botas e voltou descalço para seus aposentos.
Lá, se jogou em um
dos sofás e ficou observando a lareira, se concentrando em não pensar nada de
mal até Tamara e Aaron voltarem com Devastação trotando atrás deles. Aaron
trazia um grande prato de líquen.
Apesar de tudo, o
estômago de Call roncou ao sentir o cheiro de frango frito que vinha da massa
esverdeada.
— Você não apareceu
no jantar — disse Tamara. — Rafe e Kai mandaram oi.
— Está tudo bem? —
perguntou Aaron.
— Está. — Call
pegou uma garfada de líquen e acrescentou mais uma mentira à lista crescente do
Suserano do Mal.
As aulas começaram
na manhã seguinte. Pela primeira vez, tinham uma sala de aula só para eles. Ou
uma caverna de aula, ele supôs. Era grande, com paredes desiguais de pedra e
uma depressão circular no centro. O círculo era um banco afundado, ao redor do
qual podiam sentar para as aulas. Havia também uma piscina para praticar magia
da água e para oferecer um contrapeso ao fogo.
Além disso, havia
um fosso de terra queimada. E — provavelmente só para Aaron — havia um pedestal
feito de ferro, sobre o qual havia uma pedra preta, símbolo do vazio.
Aaron, Tamara e
Call sentaram no banco enquanto Mestre Rufus alisava um pedaço de uma das
paredes. Enquanto gesticulava, faíscas voavam de seus dedos, traçando letras
sobre a pedra.
— Ano passado vocês
atravessaram o Portal do Controle. Dominaram sua magia. Este ano vamos começar
a trabalhar no controle dos próprios elementos.
Rufus começou a
andar de um lado para o outro. Ele sempre fazia isso quando pensava.
— Alguns Mestres
separam os alunos quanto tem um mago do caos em seu grupo. Eles o ensinam
individualmente por acharem que um mago do caos pode interromper o equilíbrio
do grupo de aprendizes.
— O quê? — Aaron
parecia horrorizado.
— Eu não vou fazer
isso. — Rufus franziu a testa para eles. Call ficou imaginando como era para
ele ser o Mestre que tinha acabado com o Makar em seu grupo. A maioria dos
Mestres mataria para ter essa oportunidade, mas a maioria dos mestres não era
Rufus. Ele havia sido o professor de Constantine Madden, e aquilo deu muito
errado. Talvez não quisesse mais correr riscos. — Aaron vai ficar com o grupo.
E entendo que Call será seu contrapeso, certo?
Aaron olhou para
Call como se estivesse esperando que o amigo retirasse a oferta.
— Eu serei —
assegurou Call. — se ele ainda quiser.
Isso fez com que Aaron
abrisse um sorriso torto.
— Eu quero.
— Ótimo — assentiu
Mestre Rufus. — Então trabalharemos exercícios de contrapeso, todos nós. Terra,
ar, água e fogo. Aaron, quero que você seja proficiente em tudo isso antes de
tentar utilizar Call como seu contrapeso.
— Porque eu poderia
machucá-lo — concluiu Aaron.
— Poderia matá-lo —
corrigiu Mestre Rufus.
— Mas não vai —
garantiu Tamara a Aaron.
Call fez uma
careta, imaginando o quão próximos os dois tinham se tornado durante o verão, e
se havia outra razão pela qual Aaron não havia mencionado a estadia na casa de
Tamara.
Tamara olhou para
Call com uma expressão estranhamente intensa.
— Não vou deixar
nada de mal acontecer a você.
— Tenho certeza de
que ninguém acha que você machucaria um amigo de propósito. — Mestre
Rufus olhava para Call. — E vamos nos certificar de que nenhum de vocês se machuque
por acidente.
Call bufou. Era
exatamente aquilo que ele queria aprender. Como não machucar ninguém, nunca,
nem por acidente. Aaron pareceu horrorizado.
— Posso
simplesmente não ter um contrapeso, já que ele pode morrer?
Mestre Rufus olhou
para ele com alguma coisa que poderia ser pena.
— A magia do caos
exige muito do Makar, e nem sempre é fácil perceber quando você está
exagerando. Você precisa de um
contrapeso para sua própria segurança, mas seria melhor se você nunca
necessitasse fazer uso de um.
Call tentou sorrir
para Aaron de forma a encorajá-lo, mas o amigo não o encarava.
Mestre Rufus seguiu
enumerando o resto dos estudos daquele ano. Partiriam em missões na floresta
que cercava o Magisterium e fariam pequenas tarefas — moveriam os cursos dos
rios, apagariam labaredas, observariam os arredores e colheriam itens para
análises mais cuidadosas. Algumas das missões incluiriam outros grupos de
aprendizes, e, eventualmente, todos os alunos do Ano do Cobre seriam enviados
juntos para capturar elementais rebeldes.
Call pensou em
acampar sob as estrelas com Tamara, Aaron e Devastação. Parecia incrível.
Poderiam esquentar marshmallows — ou ao menos torrar líquen — e contar
histórias de fantasmas. Até o Ano de Cobre acabar e o verão recomeçar, poderiam
fingir que o resto do mundo e todas as expectativas que ele envolvia não
existiam.
Naquela noite, Call
estava a caminho do Portão das Missões com Devastação quando Célia o alcançou.
Ela havia trocado o uniforme que usava durante as horas escolares e trajava uma
saia cor-de-rosa felpuda e uma blusa listrada de rosa e verde.
— Está indo para a
Galeria? — perguntou ela, um pouco ofegante. — Podemos ir juntos.
Normalmente ele
adorava as piscinas quentes, as bebidas gasosas e os filmes da Galeria, mas não
sabia se queria ficar perto de tanta gente naquele momento.
— Só estava levando
Devastação para dar uma volta.
— Vou junto. — Ela
sorriu para ele, como se realmente achasse que ficar lá fora no escuro
infestado de mosquitos com ele fosse tão divertido quanto a Galeria. Ela se
abaixou para afagar a cabeça de Devastação.
— Hum, tudo bem. —
Call não conseguia esconder a própria surpresa. — Ótimo.
Saíram e ficaram
observando enquanto Devastação farejava pedaços de ervas daninhas. Vagalumes
iluminavam o ar, como faíscas de uma fogueira.
— Gwenda trouxe um
animal clandestinamente esse ano — informou Célia, de forma abrupta. — O nome
dele é Bola de Pelo. Ela disse que como vocês têm um lobo o furão dela não será
problema. O bicho nem é Dominado pelo Caos. Mas Jasper é alérgico, então não
sei se Gwenda pode manter Bola de Pelo, independentemente do que diga.
Call sorriu.
Qualquer coisa que fosse ruim para Jasper, tinha de ser boa para o mundo.
— Acho que gosto de
Bola de Pelo.
No fim das contas,
Célia se mostrou uma excelente fonte de informação. Ela contou a Call qual
aprendiz estava sofrendo com uma coceira estranha, quem tinha piolho de
caverna, que aluno do Ano de Ferro supostamente fez xixi na cama. Célia sabia
que Alex e Kimiya tinham terminado e que Alex estava chateado. Ela também
acusou Rafe de não valer nada.
— Como assim? Ele
cola nas provas? — perguntou Call, confuso.
— Não. — Célia riu.
— Ele beijou uma garota na boca depois que contou para outra que gostava dela.
É Susan DeVille quem cola em provas. Ela escreve as respostas no pulso com
tinta invisível e depois usa magia para transformar em tinta roxa.
— Você sabe tudo —
comentou Call, impressionado. Ele não fazia a menor ideia de que aprendizes
estavam confessando para outros aprendizes que gostavam uns dos outros. — E
Jasper? Conte-me alguma coisa ruim sobre Jasper.
Ela o olhou com
reprovação.
— Jasper é legal.
Não sei de nada ruim sobre ele.
Call suspirou
desapontado, justamente quando Devastação voltou com um galho enorme e cheio de
folhas na boca. Largou-o aos seus pés, abanando o rabo, como se tivesse trazido
um graveto de tamanho normal e quisesse que Call o arremessasse.
Após um momento de
silêncio espantado, tanto Call quanto Célia começaram a rir.
Depois daquela
noite, Célia se tomou companhia quase constante nas caminhadas noturnas de
Devastação. Às vezes, Tamara e Aaron também iam, mas, como Tamara levava
Devastação para passear de manhã e Aaron tinha muito trabalho extra por ser o
Makar, na maioria das vezes eram apenas Call e Célia.
Certa noite, perto
do fim de setembro, outra pessoa se juntou a Call na trilha fora da escola. Por
um segundo, quando viu um menino pulando na direção dele de calça jeans e
casaco — o calor tinha dado trégua e definitivamente havia um frio no ar —,
pensou que fosse Aaron, mas, ao se aproximar, Call percebeu que era Alex
Strike.
Ele parecia
desalinhado e um pouco pálido, apesar de que podia ser só uma questão de o
bronzeado do verão estar desbotando. Call estava parado no caminho segurando a
coleira de Devastação, esperando enquanto Alex se aproximava. Call ficou
definitivamente confuso. Desde o começo das aulas, Alex sequer havia sorrido
para ele no Refeitório, e, se Alex ainda andava ajudando Mestre Rufus, Call não
o viu. Presumiu que Alex estivesse evitando o grupo por causa de Kimiya, e
também porque, bem, Alex era um dos garotos mais populares da escola e
provavelmente não tinha tempo para um bando de alunos do Ano de Cobre.
Mas agora Alex
definitivamente estava procurando por ele. Levantou a mão para cumprimentá-lo
ao se aproximar de Call e Devastação.
— Oi, Call. — Ele
se abaixou para afagar o lobo. — Devastação, quanto tempo.
Devastação ganiu,
parecendo mortalmente ofendido.
— Achei que
estivesse nos evitando — comentou Call. — Por causa de Kimiya.
Alex se recompôs.
— Você em algum
momento não fala o que está pensando?
— Essa, de algum
jeito, parece uma pergunta capciosa — refletiu Call.
Devastação puxou a
coleira, e Call começou a caminhar pela trilha, seguindo lobo. Alex trotou
atrás dele.
— Na verdade era
sobre a Kimiya que eu queria conversar com você — revelou Alex. — Você sabe que
a gente terminou...
— Todo mundo sabe.
— Call fechou o zíper do casaco de capuz. Chovera recentemente, e as árvores
estavam pingando.
— Tamara comentou
alguma coisa sobre Kimiya com você? Sobre se ela ainda está com raiva de mim?
Devastação puxou a
coleira. Call o soltou, e o lobo correu atrás de alguma coisa, provavelmente um
esquilo.
— Acho que Tamara
nunca me falou nada sobre Kimiya e você — respondeu Call, confuso. O primeiro
instinto era dizer que não havia razão para lhe perguntar o que quer que fosse,
porque ele não entendia nada sobre garotas e muito menos sobre namoro. Além
disso, Tamara nunca mencionava as escolhas amorosas da irmã. E Kimiya era tão
bonita que provavelmente já tinha outro namorado àquela altura.
Porém, o segundo
instinto dizia que o primeiro era coisa de Suserano do Mal, Suseranos do Mal
não ajudavam os outros com suas vidas amorosas.
Ele, Call, poderia
ajudar Alex.
— Tamara tem um
certo temperamento — continuou Call. — Quero dizer, ela se irrita com
facilidade. Mas não permanece irritada por muito tempo. Então, se Kimiya for
como a irmã, provavelmente não está mais irritada. Você pode tentar falar com
ela.
Alex fez que sim
com a cabeça, mas não parecia que Call estava falando nada que ele já não
tivesse pensado.
— Ou você pode
tentar não falar com ela — continuou Call. — Quando eu não falo com Tamara, ela
vem e me bate, então essa pode ser uma forma de Kimiya vir até você primeiro.
Além disso, uma vez que ela te bater, o gelo se quebra.
— Ou meu ombro —
completou Alex.
— Quero dizer, se
não funcionar, então, como dizem, “se você ama alguém, liberte-o, não prenda no
subterrâneo ou em uma caverna”.
— Não acho que a
citação seja assim, Call.
Call olhou para Devastação
correndo pela grama.
— Só não mostre a
ela quem você é de verdade — disse Call. — Finja que é uma pessoa que ela pode
amar, e aí ela vai amar. Porque, de qualquer jeito, as pessoas amam quem elas
pensam.
— Quando você se
tomou tão cínico? Herdou de seu pai?
Call fez uma
careta. Não sentia mais a menor vontade de ajudar
— Isso não tem nada
a ver com meu pai. Por que trazê-lo para a conversa?
Alex recuou,
levantando as mãos.
— Ei, tudo que sei
é o que as pessoas dizem. Que ele foi amigo do Inimigo da Morte um dia. Já fez
parte do grupo de magos dele. E agora odeia os magos e tudo que se relacione a
magia.
— E daí se odeia? —
Call se irritou.
— Ele já procurou
alguém? Algum mago? Alguém de quem costumava ser amigo?
Call balançou a
cabeça.
— Acho que não. Ele
tem uma vida diferente agora.
— É horrível quando
as pessoas são solitárias — comentou Alex. — Minha madrasta ficou solitária
quando meu pai morreu, até entrar para a Assembleia. Agora ela é feliz
controlando a vida de todo mundo.
Call queria negar que
Alastair não era feliz com seus novos amigos nerds e que nada sabiam sobre
magia. Mas lembrou-se da rigidez na mandíbula do pai, na quietude ao longo dos
anos, na forma assombrada que ele assumia algumas vezes, como se os fardos que
carregava fossem pesados demais para suportar.
— É — falou Call
afinal, estalando os dedos. Devastação correu pela montanha em sua direção, as
garras arranhando a terra molhada. Tentou não pensar no pai, sozinho, em casa.
No que o pai pensou quando Mestre Rufus disse que Call não queria nem o ver. —
É horrível.
Pensou nisso no dia
seguinte enquanto ouvia a aula de Mestre Rufus sobre o uso avançado de
elementos. Mestre Rufus caminhava de um lado para o outro na frente da turma,
explicando como elementais rebeldes eram perigosos
e normalmente precisavam ser eliminados, porém ocasionalmente os magos os
consideravam úteis quando os enfeitiçavam para lhes servir.
— Voar, por
exemplo, exaure nossas energias mágicas — O Mestre Rufus.
Aaron levantou a
mão, um reflexo dos anos passados na escola pública.
— Mas controlar os
elementais também não gasta energia mágica?
Mestre Rufus fez
que sim com a cabeça.
— Interessante sua
pergunta. Sim, gasta energia, mas não de
forma contínua. Uma vez que você domina um elemental, mantê-lo exige menos energia. Quase todos os magos têm um ou dois
elementais a seu dispor. E escolas como o Magisterium têm muitos.
— O quê? — Call
olhou ao redor, meio que esperando ver um dragonete aquático tentando quebrar a
parede de pedra.
Mestre Rufus ergueu
uma das sobrancelhas,
— Como você acha
que os uniformes ficam limpos? Ou os quartos de vocês, aliás?
Call nunca tinha
pensado muito naquele tipo de coisa, mas ficou nervoso. Será que alguma
criatura como Warren estava esfregando suas cuecas?
Ficou ligeiramente alarmado com aquilo. Mas talvez isso fosse apenas um
preconceito de espécie. Talvez precisasse abrir mais a cabeça.
Lembrou-se de
Warren mastigando os peixes cegos. Talvez não.
Mestre Rufus
prosseguiu, chegando ao ponto que queria.
— E, claro, há os
elementais que usamos em exercícios, embora alguns também sejam utilizados para
a defesa da escola. Elementais antigos, que dormem profundamente nas cavernas,
à espera.
— À espera do quê?
— perguntou Call, com olhos arregalados.
— A invocação para
a batalha.
— Está falando
sobre se a guerra começar de novo. — A voz de Aaron não expressava nenhuma
emoção. — Eles serão enviados para combater o inimigo.
Mestre Rufus fez
que sim com a cabeça.
— Mas como vocês
conseguem fazer para que eles os obedeçam? — insistiu Call. — Por que
concordariam em ficar tanto tempo dormindo, e depois acordar só para a luta?
— Eles estão
ligados ao Magisterium por uma antiga magia elemental — explicou Rufus. — Os
primeiros magos que fundaram a escola os capturaram, eliminaram seus poderes e
os posicionaram a muitos quilômetros debaixo da terra. Eles despertam ao nosso
comando e são controlados por nós.
— E no que isso nos
difere do Inimigo e dos Dominados pelo Caos? — De algum jeito, Tamara pegou as
duas tranças e as transformou em um coque torto preso por uma caneta.
— Tamara! —
retrucou Aaron. — É completamente diferente. Os Dominados pelo Caos são do mal.
Exceto Devastação — acrescentou ele, mais que depressa.
— Então o que são
essas coisas? Criaturas boas? — Tamara quis saber. — Se são boas, por que
mantê-las presas no subterrâneo?
— Não são nem más,
nem boas — respondeu Rufus. — São muitíssimo poderosas, como os Titãs gregos, e
não se importam nem um pouco com os seres humanos. Aonde vão, a morte e a
destruição seguem em seu encalço, não porque queiram matar, mas porque não
entendem nem reconhecem o que fazem. Culpar um grande elemental por destruir
uma cidade seria o mesmo que culpar um vulcão por entrar em erupção.
— Então eles
precisam ser controlados para o bem de todos. — Call foi capaz de ouvir a
dúvida e a desconfiança na própria voz.
— Um dos elementais
metálicos, Automotones, escapou depois da batalha de Verity Torres com o
Inimigo — lembrou Rufus. — Ele destruiu uma ponte. Os carros que estavam sobre
ela caíram na água. Pessoas se afogaram antes de ele ser devolvido ao seu lugar
debaixo do Magisterium.
— Ele não foi
punido? — Tamara parecia particularmente interessada no tema.
Rufus deu de
ombros.
— Como eu disse,
seria como punir um vulcão por entrar em erupção. Precisamos dessas criaturas.
São tudo o que temos para igualarmos a força dos Dominados pelo Caos de
Constantine.
— Podemos ver
alguma? — perguntou Call.
— O quê? — Rufus
fez uma pausa, com a caneta em uma das mãos.
— Quero ver uma. —
Nem Call sabia ao certo por que estava pedindo aquilo.
Alguma coisa o
atraía na ideia de uma criatura que não era nem boa, nem ruim. Que nunca tinha
de se preocupar com o próprio comportamento. Uma força da natureza.
— Daqui a algumas
semanas vocês começarão a ter missões — disse Rufus. — Ficarão sozinhos fora do
Magisterium, viajando, conduzindo projetos. Caso sejam bem-sucedidos nessas
tarefas, não vejo razão para que não possam ver um elemental adormecido.
Bateram à porta e,
depois que Rufus autorizou a entrada, a empurraram. Rafe entrou. Ele parecia
muito mais feliz desde a saída de Mestre Lamuel do Magisterium, mas Call ficou
imaginando se ele havia ficado com medo de voltar à escola após a morte de
Drew.
— Mestre Rockmaple
mandou isso para você. — Ele estendeu um papel dobrado para Mestre Rufus.
O professor o leu
e, em seguida, amassou o bilhete em uma das mãos. O papel pegou fogo,
escurecendo até se transformar em cinzas.
— Obrigado —
agradeceu ele a Rafe com um aceno de cabeça, como se queimar correspondências
fosse uma atitude totalmente razoável. — Diga ao seu mestre que o encontrarei
no almoço.
Rafe se retirou,
com os olhos arregalados.
Call queria
desesperadamente saber o que havia naquele papel. O problema de guardar um
grande segredo era que toda vez que alguma coisa acontecia, Call se preocupava
com a possibilidade de ter alguma coisa a ver com ele.
Entretanto, Mestre
Rufus sequer olhou em sua direção ao retomar a aula.
Como nada de
especial aconteceu nos dias subsequentes, Call esqueceu de se preocupar.
Na medida em que as
semanas passavam e as folhas nas árvores começavam a ficar amarelas, vermelhas
e laranjas, como um fogo conjurado, ficava cada vez mais fácil para Call se
esquecer de que tinha um segredo.
Vixii!!! Ele perguntando coisa que não quer perguntar, acho que isso é coisa do Constantini Madem.
ResponderExcluirConstantine Madden tem fome de poder, é curioso, e ele tem essas características, obviamente, acho isso interessante.
ExcluirTitãs Gregos... Saudades de Percy Jackson... ;-;
ResponderExcluirPassional essa garota ein? tudo isso por uma tia que nem conheceu
ResponderExcluirOs elementais do Magisterium parecem os elfos domésticos em HP!
ResponderExcluirPensei na mesma coisa e lembrei de doby
ExcluirTorcendo aqui para que Call domine Constantine
ResponderExcluirTá tipo eu ;-;
ExcluirEu sempre confundo o mestre Lamuel como mestre Rockmaple, e eu nem sei o porque
ResponderExcluirOs dois sempre foram descritos como mestres carrancudos, talvez seja por isso
Excluirparece até anime, o protagonista te um ser do mal dentro dele que um dia irá despertar e ele terá que controla-lo
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