A
pedra da vidência ardia na minha mão. Eu sabia por que não havia me dissolvido
em lágrimas ou berrado feito uma histérica.
Thanatos
estava certa. Estava na hora de todos jurarem lealdade à nossa House of Night e
tomarem uma posição definitiva. Nós já estávamos contra muita coisa para ter
que ficar lutando uns contra os outros também. Foi isso que ela sempre disse.
Era nisso que eu também tinha começado a acreditar.
Dei
um passo à frente, tomando cuidado para ficar fora do círculo de sangue de
Dallas. Segurando firme a minha pedra da vidência, respirei fundo e orei: Magia antiga, ajude-me... fortaleça-me! O
calor explodiu da pedra da vidência e o poder chiou através do meu corpo.
Quando eu falei, o volume da minha voz ecoou as minhas palavras pela multidão.
—
O meu círculo e eu escolhemos o caminho de Nyx. Nós estamos unidos a esta House
of Night!
Damien
e Shaunee foram os primeiros do meu círculo a se juntar a mim. Eles vieram até
o meu lado e se curvaram respeitosamente para Thanatos, repetindo as minhas
palavras:
—
Nós estamos unidos!
Shaylin
e Aphrodite deram um passo à frente para ficar ao lado deles. Darius, Stark e
Aurox (que eu fiquei surpresa e feliz em ver) juntaram-se a nós. Rodeando-me,
os membros do meu círculo colocaram suas mãos em punho sobre o coração e se
curvaram respeitosamente, demonstrando a nossa solidariedade.
Isso
deu o exemplo. Kramisha, Erik, Johnny B., Ant, Nicole e todos os outros novatos
vermelhos de Stevie Rae atravessaram a multidão e vieram para a frente. Percebi
que alguns estavam chorando. Outros, como Erik e Kramisha, estavam pálidos de
choque, mas todos se curvaram e juraram lealdade à nossa House of Night.
O
resto da escola começou a se curvar e a fazer suas promessas de ficar unidos a
seguir o caminho da Deusa. Prestei uma atenção especial nos novatos que haviam
sobrado do grupo de Dallas. Eles eram fáceis de identificar. Os meninos eram
totalmente desleixados e sujos, e as garotas usavam mais delineador do que
roupas. Mas agora eles não estavam todos valentões e rebeldes. Eles pareciam
assustados. Todos se curvaram para Thanatos. Eu não pude deixar de pensar até
que ponto os seus juramentos eram sinceros, porque, afinal de contas, que
escolha eles tinham? Imaginei o que eu faria no lugar deles. Eu não ia correr o
risco de ser morta de jeito nenhum. Com certeza, eu iria fingir me unir a
Thanatos. Mais tarde, porém, minha escolha poderia ser diferente.
E
como se a minha pedra da vidência nunca tivesse se parecido com um forno em
miniatura, ele se resfriou, deixando-me tonta e com náuseas, com uma dor de
cabeça latejante começando na minha têmpora direita.
Magia
antiga era uma coisa assustadora!
—
E agora eu ordeno que nós retomemos a nossa vida normal. A escola deve
continuar — Thanatos estava dizendo. — Nós vamos ficar vigilantes em relação às
forças das Trevas que agem ao nosso redor, mas elas não devem mais agir entre
nós. Peço a Zoey e seu círculo que permaneça aqui e se reúna comigo
rapidamente. O resto de vocês tem cinco minutos para estar na segunda aula.
Professores, cuidem dos seus calouros. Que todos sejam abençoados.
Eu
meio que senti como se alguém tivesse acabado de me dar um banho de água fria.
Dallas havia sido decapitado. Dois novatos iriam morrer muito em breve, mas não
se atrasem para a segunda aula? Como assim? Como poderia ser tão simples
continuar o resto do dia como se nada tivesse acontecido?
—
Zoey, eu preciso que você trace um círculo — Thanatos veio andando a passos
largos na minha direção enquanto a multidão se dispersava silenciosamente.
—
Aqui? Agora?
—
Sim, aqui. Ao redor do corpo do vampiro. Mas não agora. Espere até que os
novatos já tenham voltado para as suas aulas.
—
Ok — respondi devagar. — Mas preciso que alguém fique no lugar de Stevie Rae.
—
Eu posso substituir Stevie Rae.
Todo
mundo se virou para Aurox.
—
Por que você? — Stark perguntou antes que eu dissesse qualquer coisa, o que me
deixou muito irritada. Era o meu
círculo, não o dele!
—
Por que não eu? Sei onde fica o norte. Posso segurar uma vela verde e invocar a
terra. E quero ajudar Zoey.
—
Parece ótimo para mim — respondi sem olhar para Stark. — Damien, Aurox e
Shaunee, vocês podem pegar as velas do círculo e os fósforos?
Aurox
se curvou respeitosamente para mim antes de os três saírem em direção ao templo
de Nyx para pegar o material para o círculo.
—
O que está rolando? Por que fazer um círculo agora? Alguém não deveria vir
limpar essa bagunça? — Aphrodite perguntou, indicado o corpo de Dallas, sem
olhar pra ele.
—
É exatamente isso o que Zoey e seu círculo vão fazer — Thanatos explicou. — Um
vampiro condenado e executado não merece uma pira e as tradições de um funeral.
Ele também não deve ser enterrado em lugar nenhum que possa virar um local de
adoração para seus seguidores desencaminhados. Os seus restos precisam ser
simplesmente destruídos, rápido e em silêncio.
—
Oh — eu compreendi. — Você quer que eu trace um círculo e fortaleça Shaunee
para que ela possa, bem, ahn... — eu hesitei, sem saber direito como colocar as
coisas e me sentindo mal ao pensar no que nós íamos ter que fazer.
—
Limpar essa bagunça — Aphrodite concluiu por mim.
—
Sim, bem colocado — Thanatos soou como se estivesse falando sobre levar o lixo
para fora. — E quanto menos atenção a gente chamar para essa limpeza, melhor.
Então, eu agradeço às duas Profetisas por desempenharem os seus papéis como
dignidade e sabedoria, mas agora devo insistir para que Aphrodite volte para a
aula e que Shaylin se junte a ela logo depois de ter invocado a água no círculo
de Zoey.
Aphrodite
fechou a cara. A sala de aula não era o seu lugar favorito no mundo. Eu franzi
a sobrancelha para ela – não que ela tenha percebido – pensando que eu ficaria
feliz de trocar de lugar com ela.
—
Venha, minha bela, vamos juntos — Darius pegou a mão dela, e os dois saíram
andando na direção do prédio principal da escola.
—
Eu vou buscar a minha vela azul e dizer a Damien e aos outros para se
apressarem — Shaylin falou. Ela começou a caminhar na direção do Templo de Nyx,
então fez uma pausa e se voltou para Thanatos. — Eu li as suas cores. Você está
fazendo o que precisava ser feito. Às vezes, os métodos antigos são os
melhores.
—
Eu também acredito nisso — Thanatos afirmou.
—
Isso não torna o que aconteceu aqui nem um pouco menos horrível — Shaylin
continuou.
—
Não menos horrível, mas necessário — Thanatos argumentou.
—
A escola não está toda do seu lado — Shaylin contou.
—
Estou ciente disso.
—
Acho que você ficaria surpresa ao saber que todos estão pensando duas vezes no
seu juramento a você e a esta escola — Shayllin disse.
—
Mas eu imagino que você possa me revelar isso lendo as cores das pessoas, não
é? — Thanatos perguntou.
O
meu estômago se revirou.
—
Ok, esperem aí — eu intervim. — Sou totalmente a favor de uma frente unida
contra as Trevas, mas não sou a favor de que Shaylin seja usada para invadir os
pensamentos das pessoas.
—
O que você quer dizer, Zoey? — Thanatos pareceu me atravessar com os olhos.
—
Que Shaylin não deve ser usada como sua espiã! — eu não sabia exatamente por
que essa ideia me incomodava tanto, mas definitivamente me incomodava.
—
Se ela estiver trabalhando a serviço de Nyx... — Thanatos começou.
Eu
a cortei.
—
Nyx concedeu o livre-arbítrio a todos nós. Isso significa que não é contra as
regras da própria Deusa que qualquer um de nós questione as escolhas que
fizermos e que vamos fazer no futuro? Não há nada de errado nisso. Só um idiota
nunca questiona o que dizem para ele fazer.
—
Shaylin, as cores de Dallas mostraram a você que ele era perigoso? — Thanatos
perguntou a ela, sem desviar os olhos dos meus.
—
Eu sabia que ele estava nervoso e era violento. Eu não sabia que ele ia tentar
matar Stevie Rae e Shaunee.
—
Mas, se Dallas tivesse sido contido por causa do que você viu dentro da aura
dele antes desta manhã, Stevie Rae teria sido poupada de muita dor — Thanatos
presumiu.
—
Contido? Você quer dizer morto, antes que ele realmente fizesse algo? — eu me
sentia como se fosse explodir.
—
Acho que não foi isso o que Thanatos quis dizer — Stark opinou.
—
Eu gostaria de ouvir Thanatos dizer isso — eu falei.
—
Nos tempos antigos, só vampiros que de fato cometiam alguma violência contra
outros vampiros eram executados — ela afirmou.
—
Nós não estamos nos tempos antigos — eu rebati. — E acho que não é da conta de
ninguém o que as pessoas pensam. Mas
você sabe quem achava que era da sua conta o que todos nós pensávamos? Neferet.
E eu não gosto do que isso fez a ela.
Thanatos
levantou as sobrancelhas.
—
O seu ponto de vista foi bem colocado, Sacerdotisa — ela disse.
—
Shaylin, vá ver por que Damien e os outros estão demorando tanto — eu ordenei.
Shaylin
hesitou só por um instante, então se curvou para mim e saiu apressada.
—
Você tem opiniões fortes — Thanatos observou.
—
Você também.
—
Você vai traçar o círculo e ajudar Shaunee a destruir o vampiro culpado?
—
Sim. Eu não quero que ele seja feito de mártir, assim como você — eu respondi.
—
Obrigada. Então vou deixá-la com o seu círculo — o olhar dela se voltou para
Stark. — Você trabalhou bem hoje, guerreiro. Estou orgulhosa de você. Abençoado
seja — ela curvou levemente a cabeça e foi embora.
—
Eu juro que ela está agindo a cada dia mais como a Morte — eu falei, observando
Thanatos enquanto ela se afastava.
—
Z., acho que ela só está fazendo o melhor que pode para manter todos nós
seguros.
O
meu primeiro impulso foi discutir com Stark, perguntar por que ele não estava
ficando do meu lado, mas quando eu realmente olhei para ele, vi que as suas
roupas estavam rasgadas e enlameadas, e o sangue de Dallas estava respingando
por toda a sua blusa e sua calça. O rosto dele estava pálido e tenso, e eu me
dei conta de que, apesar de Kalona ter anunciado que havia trazido Dallas de
volta para a escola, foi a flecha de Stark que tornou aquela execução possível.
Então
Stark havia assistido Kalona decapitar o garoto.
Coloquei
meus braços ao redor dele, afundando o meu rosto no seu peito.
—
Acho que você está fazendo o melhor
que pode para manter todos nós seguros.
—
Você está bem, Z.? Eu queria ter contado a você o que Thanatos ia fazer, mas
não deu tempo — ele hesitou e então acrescentou: — Eu senti aquela enorme onda
de poder que você teve quando levantou a voz. Não foi como você se sente quando
o espírito a preenche, então eu imagino que possa ter algo a ver com a magia
antiga. Estou certo?
Eu
fiquei inquieta e desconfortável.
—
Bem, a minha pedra da vidência esquentou, e agora eu estou me sentindo acabada.
Então, sim, eu acho que isso tem algo a ver com magia antiga.
—
Acho que faz sentido, especialmente com Thanatos invocando regras ancestrais e
tal.
—
Pois é, a gente tinha acabado de falar sobre isso na classe, mas eu queria
saber se isso significa que ela está fazendo a coisa certa ou não — eu externei
as minhas preocupações em voz alta.
—
Ei — ele levantou o meu queixo. — É você que tem a pedra da vidência. Você só
tem que se preocupar se você está
fazendo a coisa certa. E limpar essa bagunça de Dallas é definitivamente a
coisa certa. Ok?
—
Ok — eu o beijei. — Como você está?
—
Cansado — ele disse. — E toda essa coisa da cabeça de Dallas sendo cortada...
bem... Eu sabia o que ia acontecer e achei que estava preparado para isso. Mas...
— ele perdeu as palavras e me abraçou com força.
—
Stark, eu acho que não há nenhum jeito de se preparar para ver a cabeça de um
garoto ser cortada — eu também o abracei forte. — Ei, você deve ir tomar um
banho e se trocar. Que tal nos encontrarmos no almoço?
—
Que tal nós marcamos um encontro depois das aulas para não fazer nada além de
ficarmos juntinhos e sozinhos,
assistindo uma maratona de Big Bang
Theory?
Eu
sorri para ele.
—
Ninguém além de mim sabe como você é bobo de verdade.
—
Eu preciso rir, e Sheldon me faz rir.
—
Ok, mas só se você não tirar sarro de mim por eu não entender todas as piadas
dele — eu pedi.
—
Mas isso é parte do que me faz rir — ele disse.
—
Ok. Pode rir da minha cara. Eu vou me sacrificar por você — eu falei brincando.
A
expressão dele ficou séria.
—
Eu sempre vou me sacrificar por você — ele respirou fundo e então, do nada,
afirmou: — Eu não quero que você comece a andar com Aurox.
Eu
dei um passo para trás e me afastei dele.
—
Do que você está falando?
—
Sei que eu disse que dividiria você com Heath, mas eu só falei isso depois que
o garoto estava morto, e agora ele está de volta e eu acho que não vou
conseguir dividir você com ele, e eu quero que você fique longe dele — ele colocou
tudo para fora rapidamente.
—
Desculpem pela demora! Alguém colocou os fósforos de ritual na gaveta dos
bastões de defumação. Eu pensei que a gente nunca iria encontrá-los. Eu odeio
quando as coisas ficam fora do lugar — Damien tagarelou ofegante, com uma
aparência exausta, quando ele, Shaylin, Shaunee e Aurox chegaram apressados até
nós, com as mãos cheias de velas e fósforos.
—
Shaylin me contou o que Thanatos quer, estou pronta — Shaunee disse.
—
Há algo errado? — Shaylin perguntou, olhando para mim e Stark com uma
concentração desconcertante.
—
Não, está tudo bem — respondi. — Stark está de saída para tomar um banho e se
trocar. Certo, Stark?
Stark
colocou os braços em volta de mim e me puxou para mais perto. Então ele me
beijou. Na boca. De um jeito impetuoso e possessivo. Uma das mãos desceu pelas
minhas costas e parou no meu traseiro, enquanto ele dizia:
—
Certo, Z. Eu te vejo mais tarde. Durante o nosso encontro. A sós — ele deu um
apertão na minha bunda e então saiu apressado.
Shaylin
me entregou a vela roxa do espírito, e eu me conti para não atirá-la nele. Que
diabos eu ia fazer em relação a Stark? Será que ele realmente acreditava que
agindo possessivamente e me dizendo o que eu devia fazer ele ia conseguir que
eu não tivesse vontade de ficar com outro cara? Caramba, claro que não!
Deixei
minha irritação de lado e forcei um sorriso alegre.
—
Então, vamos traçar esse círculo — eu disse. — Todo mundo pronto?
Enquanto
íamos para os nossos lugares, eu ignorei o fato de que Shaylin continuava me
observando. Então percebi que eu ia ter que assumir a minha posição no centro
do círculo, o que significava que eu teria que ficar perto do corpo decapitado
de Dallas em meio a cinzas ensopadas de sangue e terra carbonizada. Resolvi que
não ia me importar que Shaylin estava me analisando atentamente e que Stark
estava agindo feito um babaca. Eu meio que congelei ao chegar perto do sangue,
odiando que aquele cheiro fizesse a minha boca salivar, mas aquela visão fez o
meu estômago se contrair.
—
Não olhe para ele — a voz de Aurox fez com que eu desviasse o olhar daquele
corpo sem cabeça horrível. Ele sorriu para mim da extremidade norte do círculo.
— Vá até Damien e invoque o ar. Na hora em que você tiver que ir para o centro
do círculo, você vai estar fortalecida pelos elementos. Você consegue, Z.
A
última parte do que ele disse soou tanto como Heath que os meus olhos se
encheram de lágrimas. Pisquei com força para não chorar, assenti e fui na
direção de Damien.
E
Aurox estava absolutamente certo. Na hora em que fui para o meio do círculo,
acendi a minha vela roxa e invoquei o espírito, eu me senti equilibrada e
amparada. Não foi difícil liderar Shaunee e forçar uma explosão de chamas no
corpo de Dallas. Depois que ele foi reduzido a cinzas, para mim pareceu natural
pedir a Shaylin que fizesse a água lavar o local da pira e que Damien fizesse o
vento soprar para longe aquele cheiro de queimado. Finalmente, eu usei Aurox
como um canal com a terra. Juntos, nós conseguimos que a terra fizesse brotar
grama verde onde antes só existia sangue e cinzas.
—
Agora está muito melhor — eu disse, parada no meio da grama verde e fofa,
inspirando profundamente o cheiro de primavera, depois de fechar o círculo.
Damien
pegou o celular na sua bolsa masculina e conferiu a hora.
—
Ah, que ótimo! Nós só perdemos metade da terceira aula. Eu amo Literatura e a
professora Penthesilea.
—
Terceira aula! — Shaunee exclamou. — Para mim é Esgrima. Fui. Vejo vocês no
almoço.
Demos
tchau acenando para ela.
—
Eu queria que já estivesse na sexta aula — suspirei.
—
Pensei que você gostasse da aula de Literatura — Damien disse.
—
Eu gosto, mas não gosto da aula de Espanhol, que é a quinta. Estão, se já
estivesse na sexta aula, eu teria perdido o Espanhol — esfreguei a testa,
sentindo dor de cabeça e tontura de novo.
—
Você está bem? — Shaylin perguntou.
Eu
olhei para Shaylin. Ela estava me encarando. De novo. A minha irritação ferveu
e o meu estômago roncou. A pedra da vidência começou a esquentar no meio do meu
peito, o que só me deixou ainda mais nervosa.
—
Shaylin, pare de ficar me secando! —
eu não queria soar tão irritada como as minhas palavras acabaram saindo, e eu
não queria de jeito nenhum fazer Shaylin dar um salto como seu eu tivesse
acabado de dar um tapa nela, mas foi exatamente isso que aconteceu.
—
Desculpe. Eu não tive a intenção — ela falou, quase se encolhendo de medo e se
afastando de mim.
Eu
suspirei e toquei na pedra da vidência, que estava fria como uma pedra comum.
—
Olha só, eu não quis gritar com você. Eu estou com dor de cabeça e com fome, só
isso.
—
Bem, Z., você acabou de traçar um círculo. Você precisa se equilibrar. Vá até o
refeitório e pegue algo para comer — Damien me aconselhou, acariciando o meu
braço. — Eu digo para a professora P. onde você está. Vai ficar tudo bem.
—
Você está certo, Damien. Comida com certeza vai fazer bem para a minha cabeça.
—
Comida ou Coca Cola? — Damien perguntou, sorrindo.
—
Coca é comida — eu respondi.
—
Zoey, você se importa se eu for até o refeitório com você? — Aurox sugeriu.
—
Você não tem que ir para a aula? — eu quis saber.
—
Não. Eu só assisto a primeira aula. Depois eu faço a ronda nos jardins da
escola.
—
Ah, eu, ahn, não sabia disso — eu fiz esse comentário inútil, sem saber se o invejava
ou se sentia pena dele.
—
De fato, acho que é uma boa ideia Aurox comer algo também. Foi o primeiro
círculo dele — Damien fez uma pausa e sorriu para Aurox. — E você foi
excelente. Muito bem!
—
Ei, obrigado, Damien — Aurox abriu o sorriso, fazendo com que os seus olhos
faiscassem de um jeito um pouco familiar de demais.
Como olhos da cor
da pedra da lua podem me lembrar dos olhos de Heath?
—
Zo, você não se importa que eu vá com você, não é?
Eu
me dei conta de que eu estava encarando Aurox – enquanto Shaylin, Damien e
Aurox me encaravam – e pisquei.
—
Não, tudo bem. Mas você vai ter que se apressar. Vou tentar pegar pelo menos o
final da aula de Literatura. Só porque não é Matemática, não quer dizer que eu
seja muito boa nessa matéria – eu praticamente saí correndo, com Aurox me
seguindo, depois de dar um tchau rápido para Damein e Shaylin.
O
refeitório estava deserto, mas eu podia ouvir panelas e frigideiras tinindo lá
na cozinha, e um cheiro delicioso tomava conta do ambiente. A minha boca estava
salivando loucamente quando Aurox disse:
—
Você pode ir pegar as nossas bebidas, que eu vou até a cozinha ver o que está
pronto para comer.
Eu
concordei sem pensar e fui direto pegar uma Coca. Matei um copo antes de sair
de perto da máquina de bebidas. A minha cabeça já estava um pouco mais clara quando
eu estava levando dois copos grandes para a mesa em que meu grupo normalmente
sentava.
Enquanto
eu bebia aquela maravilha marrom gelada, pensei em como era estranho o fato de
alguns lugares mudarem totalmente quando estavam vazios. Tipo, o refeitório normalmente
era um lugar barulhento e cheio de estudantes e comida, mas naquele momento,
meia hora antes do almoço, parecia maior do que era e quase de outra dimensão,
como se fosse possível ouvir os ecos dos espíritos dos garotos que não estavam
ali, mas que ainda, de algum modo, estavam me observando.
Isso
me deu sérios arrepios.
—
Peguei para você queijinho-quente e sopinha de tomate — Aurox sorriu
alegremente enquanto sentava no banco ao meu lado, colocando uma bandeja cheia
de sopa e sanduíches na nossa frente.
Eu
só consegui ficar olhando para ele.
O
sorriso de Aurox esvaneceu. Ele olhou para o sanduíche de queijo e a sopa e
depois para mim.
—
Eu pensei que você fosse gostar. Posso levar isso de volta. Também tem
sanduíche de peito de peru com queijo, e a cozinheira me disse que estão quase
terminando de preparar a salada Cobb.
—
Não é isso. Eu amo queijo-quente. E a sopa.
—
Então por que você está assim?
—
Queijinho-quente e sopinha de tomate. Por que você falou desse jeito?
Ele
enrugou a testa.
—
Simplesmente saiu da minha boca. Não é assim que se fala?
—
Aurox, é assim que eu falava desde o segundo ano do fundamental. Heath também
falava assim. Era o nosso almoço preferido porque a nossa escola fazia um espaguete muito ruim.
—
Psaguete — ele disse em voz baixa.
A
minha mente me disse para falar para ele ficar quieto e comer, mas a minha boca
disse:
—
Nós só falamos assim quando é bom. A loucura do psaguete não acontece com espaguete ruim — eu sabia que estava tagarelando bobagens, mas não conseguia
me conter. — Tem também uma música e uma dança sobre a loucura do psaguete.
—
Eu sei.
—
O que mais você sabe? — eu me senti quente e fria ao mesmo tempo.
—
Que algumas vezes eu quero tanto te tocar que às vezes eu acho que posso morrer
se você não deixar — ele afirmou.
Senti
um frio na barriga.
—
Eu estou com Stark.
—
Eu sei, e acho que você tinha que ficar fria quanto a isso.
“Ficar
fria”! Quando ele falou isso, soou tão parecido com Heath que eu quase perdi o
fôlego.
Nenhum
de nós disse nada, então ele levantou a mão devagar na direção da minha, que
estava na mesa entre nós. Delicadamente, ele pegou a minha mãe e virou ao
contrário. Com um dedo, ele acompanhou suavemente a tatuagem cheia de filigranas
que cobria a minha palma.
—
Você recebeu essas tatuagens de Nyx — ele disse.
—
Sim.
—
Você tem mais tatuagens especiais — ele tirou o dedo da palma da minha mão e o
colocou sobre o meu rosto, onde ele acariciou o padrão repetido ali.
O
dedo dele era quente e deu vida aos meus nervos, de modo que onde ele tocava eu
me arrepiava. Ele seguiu a linha do meu pescoço até o decote em V da minha
camiseta da BDG, e então começou a seguir o traçado da tatuagem, que se
estendia sobre a minha cicatriz, de um ombro a outro.
—
Isso quase a matou — ele sussurrou.
—
Quase — falei meio ofegante, como se estivesse tentando conversar e correr ao
mesmo tempo.
Com
os dedos ainda no meu corpo, ele olhou dentro dos meus olhos.
—
Você teve um Imprint com Heath e ele
a salvou. Foi por isso que você não morreu.
—
Sim.
—
Você bebeu o sangue dele.
Estava
muito difícil de falar, então eu apenas assenti.
—
Zo, eu quero que você beba o meu sangue.
—
Heath, ahn, Aurox... — eu gaguejei. — Não posso. Isso iria magoar Stark e...
Perdi
as palavras quando ele pegou uma faca e furou a ponta do dedo que tinha tocado
meu peito. Uma única gota vermelha brotou. O cheiro do sangue dele me invadiu.
Não era humano. Não era de calouro nem de vampiro. Era mágico.
Eu
lambi a ponta do seu dedo e ele gemeu o meu nome:
—
Zo!
Aquele
sabor atingiu o meu corpo como bomba nuclear. Eu agarrei e segurei com força a
mão dele, querendo mais. Fechei os olhos e coloquei o dedo dele na minha boca.
Ele se inclinou para frente, encostando a cabeça na minha.
O
sino que indicava o final da terceira aula e o começo do almoço soou. Arregalei
os olhos e me dei conta do que estava fazendo.
—
Não, isso não está certo! Não. Aurox — balançando a cabeça, eu soltei a mão
dele.
Ele
estava respirando tão ofegante quanto eu.
—
Eu não vou contar a ninguém. Eu nunca vou te trair assim.
Eu
queria chorar.
—
Se você realmente se importa comigo, vá embora. Por favor.
Ele
assentiu, colocou um guardanapo em volta do seu dedo sangrado e saiu
rapidamente do refeitório.
Bebi
um copo inteiro de refrigerante de uma só vez. Enxuguei a boca. Alisei a minha
camiseta. Peguei uma metade de queijo-quente e me forcei a comer. E quando
todos os meus amigos se juntaram na mesa, sorri, conversei e deixei Stark
colocar o braço no meu ombro possessivamente.
Ninguém
sabia que eu estava berrando por dentro. Ninguém.
Foi só em um dedo mas a cena foi quente!!! 😵😵😵
ResponderExcluirAh Zoey nao estraga tudo de novo... Ela é tao fácil , tudo bem q ela ta estressada e tals mas nao justifica
ResponderExcluirAphodite
Essa zo não é quenga nao, se amostra kkkkkkk.
ResponderExcluirO mulher fraca kkkkkkkkkkk
Kkkkkk Que merda!
ResponderExcluirSeja forte Z!
auroxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx <3
ResponderExcluirgente é o heath... ooh heath estou tao feliz que vc esta ai de alguma forma.. quase larguei a serie..
ResponderExcluirlanny
No mais, ela tem de ficar com ele mesmo. Não sei pq a piriguete tinha que se atirar no Stark quando ele apareceu. kkkk
ResponderExcluirEu fico irritada, mas sou igual a Zoey. Só de pensar em escolher entre meus boymagias já fico nervosa. Eu não posso, tipo, pegar os dois ao mesmo tempo? É injusto eu ter q escolher só um jsjs
ResponderExcluirzoey precisa parar de brincar com as pessoas, e o motivo deu nunca ter gostado do heath é q a zoey fala "nao" mas aquele nao querendo e ele vai la e ferra td, e carai
ResponderExcluirEle não obrigou ela a nada, ela não tem 10 anos de idade, se não quisesse mesmo não faria nada.
ExcluirQuase que a visão da aphrodite vira realidade ali agr😱😱😱 alguém pelo amor segue a essa Zoey pq tá difícil o priquito da bichinha queta
ResponderExcluirSó um dedinho já foi capaz de fazer mágica... imaginem um corpo inteiro? kkkkkk
ResponderExcluirGo Aurox/Heath!
Gente ela não é piriguete não, vcs sabem muito bem que uma alta sacerdotisa pode ter um consorte e um companheiro... E Heath o amor de infância dela, Stark tem que entender isso, alias Heath veio bem antes de Stark!
ResponderExcluir